Os 150 anos de nascimento de Scriabin serão comemorados pela Filarmônica de Minas Gerais com uma de suas mais impactantes obras: o Poema do Êxtase, nos dias 7 e 8 de julho, na Sala Minas Gerais, às 20h30. Pela primeira vez, a Orquestra também recebe a violoncelista israelense Danielle Akta, de 19 anos, um dos grandes talentos da nova geração, que interpretará o célebre Concerto para violoncelo de Schumann. Com sua rica paleta orquestral, Escalas de Jacques Ibert dá início ao programa das duas noites. A regência é do maestro Fabio Mechetti, Diretor Artístico e Regente Titular da Filarmônica de Minas Gerais. Os ingressos estão à venda no site www.filarmonica.art.br e na bilheteria da Sala Minas Gerais.
De acordo com as orientações da Prefeitura de Belo Horizonte para a prevenção da covid-19 em ambientes fechados (Portaria nº 375/2022, publicada no dia 14 de junho de 2022), o uso de máscara é obrigatório na Sala Minas Gerais. Veja mais orientações no “Guia de Acesso à Sala”, no site da Orquestra: fil.mg/acessoasala.
Este projeto é apresentado pela Gerdau e Itaú por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Realização: Instituto Cultural Filarmônica.
Danielle Akta, violoncelo
Eleita pelo jornal nova-iorquino Daily Gazette como uma das dez artistas da música clássica de 2016, a violoncelista Danielle Akta atualmente estuda na Academia Barenboim-Said, em Berlim, sob orientação de Frans Helmerson. Nascida em 2002 em Israel, em uma família de músicos, recebeu em 2016 o prêmio Oleg Yankovsky na categoria Jovem Artista. Já se apresentou com a Filarmônica de Israel, da Rússia, da Cidade do Cabo e também com a Sinfônica de Cannes e de Jerusalém. Atuou como solista em palcos como Lincoln Center e Carnegie Hall, ambos em Nova York, Barbican, em Londres, e Tchaikovsky Concert Hall, em Moscou.
Repertório
Jacques Ibert (Paris, França, 1890 – 1962) e a obra Escalas (1922)
Escalas, a mais popular das obras de Jacques Ibert, foi escrita entre 1921 e 1922, como trabalho obrigatório do então pensionista da Villa Médicis. Trata-se de uma suíte orquestral cujos movimentos, por sugestão do editor, receberam títulos alusivos a um cruzeiro do compositor pelo Mediterrâneo — na Costa Italiana, na Tunísia e na Espanha. A música, deliberadamente pitoresca e ilustrativa, explora motivos populares dos locais retratados. Assim, a primeira escala, de Roma a Palermo (Calme), inicia-se com um tema inspirado no folclore italiano, exposto pela flauta, depois pelo oboé, sobre um fundo noturno de cordas e harpas. Um accelerando, ritmado por rufos de pandeiros, sugere um belo amanhecer; e a viagem continua, com o retorno ao andamento anterior. No trecho de Tunis a Nefta (Modéré très rythmé), um oboé apresenta uma melodia árabe, sobre uma escala oriental. Finalmente, em Valência (Animé), a Espanha revela-se banhada de luz, em uma sequência rapsódica de danças populares. Escalas estreou em Paris, em 1924, na sala Gaveau, sob a direção de Paul Paray.
Robert Schumann (Zwickau, Alemanha, 1810 – Bonn, Alemanha, 1856) e a obra Concerto para violoncelo em lá menor, op. 129 (1850)
A música orquestral de Schumann (quatro Aberturas; quatro Sinfonias; sete obras concertantes, entre elas os três Concertos — para piano, para violino e para violoncelo) é bastante original e, em muitos aspectos, inovadora. O compositor trata o característico jogo bitemático da forma sonata com grande liberdade — os contrastes necessários ao discurso musical se estabelecem mais pelo encadeamento melódico do que pela oposição temática. E, para obter maior unidade orgânica entre as diferentes partes de suas grandes obras orquestrais, desfazendo o caráter fechado de cada uma delas, Schumann recorre à reapresentação de um mesmo tema em movimentos diversos e/ou à ligação ininterrupta dos andamentos (como no Beethoven de algumas sonatas). O Concerto para violoncelo em lá menor, op. 129 ilustra, de forma exemplar, esses procedimentos schumannianos: no primeiro movimento – Allegro (Nicht zu achnell) –, sobre três acordes das madeiras, o violoncelo expõe os temas dominantes – o primeiro traz uma inefável melodia e o outro se apresenta ritmicamente sincopado. O encadeamento direto ao movimento lento – Adagio (Langsam) – dispensa a habitual cadência do solista. Uma relembrança do tema principal do primeiro movimento, em novo recitativo, leva ao Finale (Sehr lebhaft), vivaz rondó introduzido por uma rápida escala do solista. A cadência, feita com acompanhamento orquestral, explora com incrível virtuosidade os recursos do instrumento. Mas não se trata de puro malabarismo instrumental ou mero artifício exibicionista – o solista permanece integrado ao quadro orquestral e a conclusão, de efeito irresistível, não desfaz o clima elegíaco de todo o concerto.
Alexander Scriabin (Moscou, Rússia, 1872 – 1915) e a obra Poema do Êxtase, op. 54 (1905/1908)
“Chamo-vos à vida, forças misteriosas,
Afogadas nas profundezas obscuras do espírito criador,
Tímidos esboços da vida.
A vós trago a audácia”.
Escrito por Scriabin, o texto que serviu de base à composição musical era visto por ele como um manifesto de suas crenças filosóficas e estéticas. Na mesa de Scriabin, livros de Helena Blavatsky dividiam o espaço com partituras de Richard Strauss. A escritora russa servia de inspiração para o conteúdo de seus trabalhos, ao passo que as partituras do maestro alemão eram referência para a forma. O poema sinfônico Poema do Êxtase, op. 54 continuava o ciclo de quebra das formas tradicionais adotado por Scriabin em suas três sinfonias; a obra, no entanto, não pretendia ser uma sinfonia. Trabalhado entre 1905 e 1908 (inicialmente nos 369 versos, mais tarde na música), o poema passou por diversas modificações até chegar a sua forma definitiva. “Estou desenvolvendo um novo estilo, e que alegria é vê-lo tomar forma tão bem! (…) Por vezes, o efeito do poema é tão potente que nem é necessário nenhum conteúdo. Estou exprimindo – no poema – o que virá a ser o mesmo como música.”
Programa
Série Presto
7 de julho – 20h30
Sala Minas Gerais
Série Veloce
8 de julho – 20h30
Sala Minas Gerais
Fabio Mechetti, regente
Danielle Akta, violoncelo
Ingressos:
R$ 50 (Coro), R$ 50 (Terraço), R$ 50 (Mezanino), R$ 65 (Balcão Palco), R$ 86 (Balcão Lateral), R$ 113 (Plateia Central), R$ 146 (Balcão Principal) e R$ 167 (Camarote).
Ingressos para Coro e Terraço serão comercializados somente após a venda dos demais setores.
Meia-entrada para estudantes, maiores de 60 anos, jovens de baixa renda e pessoas com deficiência, de acordo com a legislação.
Informações: (31) 3219-9000 ou www.filarmonica.art.br
Imagem: Assaf Ambram