
O Grande Teatro do Palácio das Artes completa 45 anos no próximo dia 14 de março. Para comemorar a data, foi preparada uma programação especial, a preços populares, que reúne apresentações de alguns dos principais artistas com trajetórias marcantes pelo palco mais importante de Minas Gerais.
A programação da ‘Semana Comemorativa’ será aberta no dia 14 de março, com o Grupo Corpo, apresentando dois espetáculos criados por Rodrigo Pederneiras: Onqotô e Parabelo.
No dia 15, o Coral Lírico de Minas Gerais, sob regência de seu maestro Titular, Lincoln Andrade, apresenta Carmina Burana, com participação dos solistas Maíra Lautert (soprano), Jean Nardoto (tenor) e Eduardo Sant’Anna (baixo-barítono). O acompanhamento musical será feito pelo Grupo de Percussão da UFMG e pelos pianistas Islei Correa e Wagner Sander. Carmina Burana é uma obra coral baseada em poemas profanos e musicados pelo compositor Carl Orff, sendo esta sua obra mais popular e conhecida em todo o mundo.
No dia 16, é a vez da literatura, quando o Projeto Sempre Um Papo, que comemora 30 anos, participa da festa com uma edição especial com a escritora e poeta mineira Adélia Prado, que conversará com o público e lançará sua Poesia Reunida.
Com teatro e show e participação especial do Pato Fu, no dia 17, o Grupo Giramundo –, faz a estreia nacional de Alice Live, baseado na obra de Lewis Carrol Aventuras de Alice no País das Maravilhas, com performance de bonecos e trilha sonora ao vivo.
Para encerrar a semana, no dia 18, a Fundação Clóvis Salgado preparou uma exposição sobre os 45 anos do Grande Teatro, que acontecerá na CâmeraSete – Casa da Fotografia de Minas Gerais. Composta por fotografias desde a construção do teatro até as atuais, além de imagens em vídeo e gravações raras, a exposição ANO 45: construção, histórico, origens, registros vai lembrar também os principais artistas nacionais e internacionais que passaram por este palco como Tom Jobim, Elis Regina, Nara Leão, Dona Ivone Lara, Jackson do Pandeiro, Alceu Valença, Maria Bethania, Caetano Veloso, entre tantos outros. Entre os internacionais, destacam-se o Ballet Bolshoi, Ballet Kirov, Filarmônica de Nova York, Ópera de Pequim, Orquestra de Câmara de Moscou, Orquestra de Câmara de Budapeste e Johnny Mathies e Orquestra, entre outros.
Para o presidente da Fundação Clóvis Salgado, Augusto Nunes-Filho, a programação foi elaborada de forma a dar destaque aos artistas mineiros com projeção internacional que por aqui se apresentaram e têm o Grande Teatro como marco significativo em suas carreiras. Também foi definida uma programação com espetáculos a preços populares, além do encontro com Adélia Prado, que será gratuito. “Foi com grande alegria que elaboramos esta comemoração com belos espetáculos e uma exposição contando a história desse espaço tão estimado pelo público”.
Novos banheiros para o Grande Teatro – A Fundação Clóvis Salgado investiu no ano de 2015 em obras de infraestrutura para melhorias do seu complexo cultural. Uma delas, a mais aguardada, por se tratar da materialização de uma das mais antigas reinvindicações dos frequentadores do Palácio das Artes, é a disponibilização de 16 novos banheiros destinados aos usuários masculinos e femininos do Grande Teatro, dobrando com esta obra a oferta de toaletes aos seus frequentadores.
O local escolhido é o antigo depósito do Espaço Mari’Stella Tristão, viabilizado por meio da reativação da escada de acesso ao pavimento inferior. O local foi totalmente reformado e ganhou uma grande parede dividindo os ambientes. De um lado ficarão os banheiros e do outro as obras de arte do Espaço Mari’Stella Tristão. “A entrega dos novos banheiros aos frequentadores do Grande Teatro é uma realização que consideramos da maior importância, dada à histórica reivindicação do público por essa melhoria. Esperamos que a minimização dos transtornos nos intervalos dos espetáculos agrade a todos”, diz Nunes-Filho.
Grande Teatro
O Grande Teatro do Palácio das Artes, nesses 45 anos de existência, tem sido um templo onde artistas do Brasil e do mundo relatam, com emoção e refinado domínio técnico, histórias e narrativas verbais, visuais e sonoras a um público fiel, exigente e ávido por novidades. Considerado um dos maiores do Brasil, por suas excepcionais dimensões, o palco possui 20m de profundidade e uma boca de cena com 18m de largura por 7m de altura.
O Grande Teatro consolidou-se como o principal espaço para shows e espetáculos em Belo Horizonte a partir de suas características únicas – palco italiano, fosso para orquestra com capacidade para até 80 músicos e elevadores – que lhe conferem grande versatilidade para espetáculos de dança, teatro, música e importantes eventos de literatura. Por essas características, realizar uma apresentação no Grande Teatro do Palácio das Artes com lotação esgotada é considerada por muitos artistas, ainda hoje, uma das maiores expressões de sucesso.
Nas décadas de 80/90, o Grande Teatro era o palco das aguardadas temporadas internacionais de Belo Horizonte. Uma verdadeira constelação de astros e estrelas aqui se apresentaram, como B.B. King, Charles Aznavour, Earth, Wind & Fire, Harry James & Big Band, Jean-Luc Ponty, Julio Iglesias, Madredeus, Mercedes Sosa, Miles Davis, Montserrat Caballé, Orquestra de Berlim, Orquestra de Moscou, Orquestra de Paris e Orquestra Filarmônica de Nova York, Os Meninos Cantores de Viena, Ray Conniff, Stanley Jordan, Toni Bennet entre outros.
Na área da dança, por aqui passaram Ballet Bolshoi, Ballet Kirov, Ballet de Antonio Gades, Balé de Maurice Bejard, Ballet de Stutgart, Companhia de Dança Pilobolus, Royal Ballet de Londres, além de bailarinos do porte de Mikhail Baryshnikov, Fernando Bujones e Ana Botafogo. Respeitados grupos do Brasil também marcaram presença, como Cia de Dança Deborah Colker, Cia. de Dança Palácio das Artes, Cisne Negro Cia de Dança, Grupo Corpo, Balé Teatro Guaíra, Balé da Cidade de São Paulo, assim como companhias da Inglaterra, dos Estados Unidos, da Índia, do Japão, de Israel, da Bolívia e da Nigéria, entre outros países.
Também marcaram presença nesse palco grandes nomes do cenário nacional, como Caetano Veloso, Cartola, Chico Buarque, Dona Ivone Lara, Egberto Gismonti, Elis Regina, Elza Soares, Filipe Catto, Gal Costa, Gilberto Gil, Ivan Lins, João Bosco, João Gilberto, Lenine, Luiz Melodia, Maria Bethânia, Marisa Monte, Milton Nascimento, Mônica Salmaso, Nana Caymmi, Nara Leão, Roberto Carlos, Rosa Passos, Sivuca, Vinícius de Morais, Tom Jobim, Zélia Duncan, Zizi Possi e Wagner Tiso. E não poderiam faltar também os mineiros do 14 Bis e Flávio Venturini, Beto Guedes, Celso Adolfo, Família Borges, Flávio Henrique, Jota Quest, Ladston Nascimento, Marina Machado, Patrícia Ahmaral, Pedro Moraes, Sérgio Santos, Skank, Tianastácia, Tino Gomes, Titane, Toninho Horta, Pato Fu, Tadeu Franco, Vander Lee, entre tantos outros.
Na área do teatro, Antônio Fagundes, Bibi Ferreira, Fernanda Montenegro, Fúlvio Stefanini, Grupo Galpão, Irene Ravache, Ítalo Rossi, Marieta Severo, Marília Pêra, Ney Latorraca, Paulo Autran, Regina Duarte, Tarcísio Meira, Tônia Carrero, Zezé Polessa e várias outras estrelas conquistaram a exigente plateia mineira. Também tiveram destaque os artistas Carlos Nunes, Bete Coelho, Edilson Botelho, Elisa Santana, Fernando Ângelo, Ílvio Amaral, Elvécio Guimarães, Javert Monteiro, João Etienne Filho, Juçara Costa, Gustavo Werneck, Laura Arantes, Lúcia Schettino, Magdalena Rodrigues, Maurício Canguçu, Renato Tameirão, Ronaldor, Socorro Vieira, Sumaya Costa, Waldir Cândido e Wilma Henriques, além de montagens dirigidas por Carlos Rocha, Grace Passô, Ione Medeiros, Eid Ribeiro, Jota Dângelo, Paulo Cesar Bicalho, Pedro Paulo Cava, Ronaldo Boschi, Walmir José, entre outros.
O Grande Teatro também foi palco da literatura, com a presença de escritores como Adélia Prado, José Saramago, Lya Luft, Raduan Nassar, Rubem Alves, Vicente Britto Pereira, além do fotógrafo Sebastião Salgado.
Seis meses após a inauguração, a então Fundação Palácio das Artes estreava sua primeira ópera no Grande Teatro, La Traviata, de Giuseppe Verdi. De lá para cá, foram mais de 70 montagens de títulos famosos em todo o mundo, dos mais renomados compositores, com a participação de solistas nacionais e internacionais. Entre as obras já encenadas estão Aida, A Flauta Mágica, A Viúva Alegre, As Bodas de Fígaro, Carmen, La Bohème, La Traviata, Lucia di Lammermoor, Madame Butterfly, Menina das Nuvens, O Baile de Máscaras, O Barbeiro de Sevilha, O Guarani, O Mágico de Oz, Tosca e Turandot.
Em todo esse período, a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais e o Coral Lírico de Minas Gerais tiveram importante participação nas produções operísticas. Pela OSMG, atuaram os regentes Wolfgang Groth, Sérgio Magnani, Carlos Alberto Pinto Fonseca, Aylton Escobar, Emílio de César, David Machado, Afrânio Lacerda, Holger Kolodziej, Charles Roussin, Roberto Tibiriçá e Marcelo Ramos. O atual regente titular da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais é o maestro Silvio Viegas.
À frente do Coral Lírico, estiveram os regentes Luiz Aguiar, Marcos Thadeu Miranda Gomes, Carlos Alberto Pinto Fonseca, Ângela Pinto Coelho, Eliane Fajioli, Silvio Viegas, Charles Roussin, Afrânio Lacerda e Márcio Miranda Pontes. O CLMG é regido atualmente pelo maestro titular Lincoln Andrade.
Onde há fumaça... – Mas nem só a beleza e a emoção dos espetáculosmarcam a biografia do Grande Teatro do Palácio das Artes. Na manhã de 7 de abril de 1997, nuvens escuras se espalharam pelo centro da cidade, uma trágica cena que não fazia parte do enredo e que chocou e entristeceu a classe artística e a população de Belo Horizonte. Um incêndio destruiu cadeiras, cortinas, teto, equipamentos de luz e som instalados na plateia do Grande Teatro. Mas, o rápido acionamento da cortina corta-fogo pelos técnicos da Casa impediu que as chamas atingissem o palco, que não sofreu danos.
Naquela época, a Fundação Clóvis Salgado preparava-se para receber, no Palácio das Artes, o 3º Fórum Empresarial das Américas, que iria reunir chefes de 34 países. Estavam sendo realizadas várias obras para melhor atender aos visitantes. Dentre as melhorias, estavam previstas para o Grande Teatro a revisão das cadeiras e do forro de gesso. Além disso, todo o prédio teria sua pintura renovada e a fachada iria ganhar um novo espelho d’água, com fontes luminosas. Em meio a essas ações, uma fagulha se propagou pela rede de ar refrigerado, culminando com a destruição parcial desse importante espaço cultural da cidade.
Mesmo com o Grande Teatro fechado, artistas, população, empresas e a própria FCS não deixaram que o desânimo se abatesse sobre a Instituição. Foram feitos vários shows e atividades para arrecadar fundos para a sua reconstrução. Também foram mantidas as programações dos outros espaços da Casa, e o Foyer do Grande Teatro foi equipado para receber concertos e shows.
Em pouco mais de um ano, em 27 de julho de 1998, o Grande Teatro do Palácio das Artes foi reaberto ao público. Para celebrar a data, foi preparada uma programação especial, com ingressos gratuitos, que reuniu mais de 20 mil pessoas. Entre as atrações, estavam espetáculos produzidos pela própria FCS, como a ópera La Traviata, além de apresentações de Milton Nascimento, Grupo Corpo, Grupo Galpão e Giramundo e a mostra Klauss Vianna. Totalmente reconstruído e modernizado, o espaço passou a contar com uma das melhores estruturas cênicas do país, ampliando a capacidade da plateia, que ganhou mais 257 lugares.
Com dimensões privilegiadas e muita versatilidade, o Grande Teatro do Palácio das Artes renasceu ainda mais potente, com sistema acústico podendo ser adaptado para diferentes tipos de encenações e um novo projeto de luz, assinado por Raul Belém Machado, que comporta 322 refletores, sendo 286 no centro do palco, e outros 36 direcionados para a boca de cena. Com capacidade para 1.705 espectadores, a plateia possui 2 níveis e dois camarotes e está equipada com um potente ar refrigerado. Para o conforto dos artistas, estão disponíveis sete camarins recentemente reformados.
Grande e ousada obra – Após 30 anos, desde que foram iniciadas as obras na década de 1940, a população de Minas Gerais finalmente foi presenteada com a inauguração do Grande Teatro do Palácio das Artes, idealizado para atender à demanda de um estado carente de espaços culturais para grandes espetáculos.
Parte integrante de um recém inaugurado Palácio das Artes, o Grande Teatro foi o segundo espaço entregue ao público, um ano após a Grande Galeria, e se tornou um dos equipamentos mais notáveis, por abrigar toda a diversidade da cultura mineira.
A história do Grande Teatro começa quando Juscelino Kubitschek, além do complexo arquitetônico da Pampulha, propõe mais uma grande e ousada obra para Belo Horizonte. O projeto de um novo teatro, concebido por Oscar Niemeyer, iria substituir o antigo teatro da rua Goiás – restaurado e transformado em cinema – e previa um edifício com acesso pelo Parque Municipalligado à avenida Afonso Pena por uma passarela de concreto.
Por motivos diversos, as obras foram paralisadas em 1945. Com poucas tentativas de conclusão e nove prefeitos após JK, o projeto elaborado por Niemeyer foi reformulado e redimensionado pelo arquiteto Hélio Ferreira Pinto, em 1955. Esse novo projeto deslocou o acesso para a avenida Afonso Pena por meio das galerias que foram incorporadas ao programa inicial.
Uma das principais preocupações de Peri Rocha França, indicado pelo governador Israel Pinheiro para presidir a Comissão Especial do Palácio das Artes, criada para acompanhar as obras do complexo cultural, era dar condições de acústica perfeita ao Grande Teatro, isolando-o de todo som externo. Assim, os projetos acústicos ficaram sob responsabilidade do técnico russo Igor Sresnewsyk e os cenotécnicos a cargo do especialista Aldo Calvo, italiano radicado no Brasil.
Para os serviços de iluminação e efeitos especiais, foi convocado o grupo japonês Toshiba – o mesmo que projetou o Teatro Imperial Japonês – que esteve em Belo Horizonte em janeiro de 1969 e realizou os projetos que fizeram do Grande Teatro do Palácio das Artes um dos mais modernos do mundo e o primeiro da América Latina a possuir o aparelhamento mais avançado da época.
O tão sonhado Grande Teatro foi entregue à população, no dia 14 de março de 1971. Para marcar essa festiva celebração, foi executado O Messias, de Haendel, sob regência de Isaac Karabtchevsky, com participação da Orquestra Sinfônica Nacional e do Coro da Associação de Canto Coral do Rio de Janeiro.
E foi esse primeiro concerto que inundou de emoção e magia o Grande Teatro do Palácio das Artes, misteriosa alquimia que une artistas e público assim que se abrem as cortinas e que mantém, ainda hoje, o charme e o diferencial de ser o palco mais representativo de Minas Gerais.
Na festa de 45 anos do Grande Teatro,
GRUPO CORPO apresenta PARABELO e ONQOTÔ
Evento: Grupo Corpo apresenta Parabelo e Onqotô
Local: Grande Teatro do Palácio das Artes - Av. Afonso Pena, 1537 – Centro
Período: 14 de março
Horário: 20h30
Preço: R$40 (inteira) e R$20 (meia)
Classificação indicativa: 14 anos
Duração: 84 minutos
Informações para o público: (31) 3236-7400